Mangá para quem não é Otaku!

Explorando o mundo do Mangá: Além da cultura Otaku

Essa lista de recomendações foi uma ideia da Professora Larissa Ballaminut, que imediatamente foi adotada pelos Professores Lucas e Fabu!

A título de curiosidade, foram adotados 2 critérios pra seleção de títulos, são eles:  

  • Focar em obras que fugissem da demografia “shonen de ação/lutinha”, porque essa geralmente é a primeira coisa que lembramos quando ouvimos falar de animes e mangás mais populares. 
  • Recomendar obras que sejam volumes únicos ou que tenham poucos volumes (máximo 10), porque ninguém merece começar a ler um mangá que só empolga depois de 20 volumes, haha!

Explicações dadas, vamos as 3 recomendações! 

Dica 1: Um Bairro Distante – LARI BALLAMINUT 

Autor: Jiro Taniguchi.

Na história, acompanhamos Hiroshi Nakahara, um homem de 48 anos que leva sua vida sem muitas expectativas. Certo dia, numa viagem de trabalho até Quioto, Hiroshi pega o trem no sentido contrário e acaba chegando à sua terra natal, Tottori. Enquanto espera o próximo trem de volta a Tóquio (onde atualmente mora), Hiroshi aproveita para visitar o túmulo de sua mãe, e é aí que as coisas começam a ficar esquisitas: nosso protagonista perde a consciência e, quando acorda, descobre que voltou 34 anos no passado! Agora no corpo de seu “eu” de 14 anos, mas com a mentalidade de um adulto, Hiroshi passa a interagir com sua família e amigos sob uma nova ótica, inclusive “mudando” alguns eventos de sua adolescência. Um exemplo é não ter ido atrás de seu pai, que abandonou a família justamente na época em que Hiroshi tinha 14 anos. Mas de que forma essas intervenções irão influenciar no seu futuro? Aliás, Hiroshi conseguirá voltar ao futuro? Vou deixar o resto pra vocês descobrirem, porque já contei coisa demais! 🤣 

Só li três títulos do Taniguchi (“Guardiões do Louvre”, “A Valise do Professor” e “Um bairro distante”), mas de todos, esse é o meu favorito. Eu gosto muito de histórias cotidianas e também de viagem no tempo (quando não se perdem em linhas temporais sem sentido, haha!), então não tinha muito como eu não gostar deste título. A narrativa de Taniguchi é lenta, mas não maçante; e já adianto que o autor não explica o motivo da viagem no tempo – ela simplesmente acontece e você compra a ideia! Não afeta em nada o desenvolvimento da história, entretanto. 

A arte de Taniguchi não tem aqueles exageros e caretinhas tão típicos de outros mangás, e em alguns momentos seu traço me lembra o estilo da linha clara de quadrinhos europeus. Quem gosta deste estilo de arte e narrativa possivelmente vai gostar do autor! Fora que os cenários são absurdamente lindos e detalhados e atuam como um personagem no tom reflexivo que permeia a obra. 

Enfim, falei demais, haha! Mas espero ter convencido vocês a darem uma olhadinha na obra de Taniguchi, porque é um autor que merece ter mais trabalhos publicados por aqui! 

Dica 2: Gourmet – LUCAS CARLETTO 

Roteiro: Masayuki Kusumi | Desenho: Jiro Taniguchi

Em Gourmet acompanhamos fragmentos do dia a dia de Gorō Inogashira, um importador que viaja pelos distritos de Tokyo e por diferentes cidades japonesas visitando seus clientes. O foco, entretanto, é nas “pausas” que Inogashira faz para se alimentar, mais especificamente, em sua relação com a comida: a cada capítulo acompanhamos uma refeição diferente, seja um almoço apressado ou um banquete requintado, um jantar improvisado durante a madrugada ou um café da manhã surpreendente.  

Conhecemos Inogashira pouco a pouco, a partir de seus pensamentos e reflexões, tendo a comida como caminho para a construção da intimidade e conexão entre leitor e protagonista. 

Para os amantes da cultura japonesa, Gourmet é uma ode à tradição gastronômica local, trazendo reflexões sobre a passagem do tempo, a manutenção dos espaços e costumes, bem como as diferenças culturais entre diferentes províncias e cidades. 

Para os menos entendidos (que é o meu caso), Gourmet é uma jornada pelas relações sociais no Japão, além de apresentar uma infinidade de pratos que fazem os restaurantes japoneses do Brasil parecerem apenas uma “ponta do iceberg” frente a tudo o que há para conhecer! 

Gourmet virou série live action na televisão japonesa e teve 108 episódios ao longo de 9 temporadas, expandindo muito a história original, mas acredito que a série sequer esteja disponível no Brasil. Mas, para quem gosta de programas de TV sobre comida, uma produção que tem esse mesmo “clima” de Gourmet é Midnight Dinner: Tokyo Stories, disponível na Netflix! 

É isso pessoal! Pra quem quer descobrir mais sobre a culinária japonesa e/ou gosta de obras contemplativas: leiam Gourmet! 

Dica 3: O Cão que Guarda as Estrelas – FABU VIEIRA 

Autor: Takashi Murakami.

Adorei a ideia e vou fazer minha contribuição com a listinha “mangás para não-otakus” e recomendar “O Cão que Guarda as Estrelas”. Mas, já aviso: o choro é garantido! 😢  

Esse mangá coisa-linda é do Takashi Murakami e foi publicado em 2008. Apesar de ser um volume único, o autor presenteou a humanidade com uma segunda história chamada “Outro Cão que Guarda as Estrelas” em 2011. 

Esse é para Não-otakus exatamente por fugir do estereótipo “lutas intermináveis” ou “garotas mágicas” ou qualquer outro clichêzão (que a gente também adora rs).  

Em “O Cão que Guarda as Estrelas”, seguimos a história de um homem que, sem emprego, abandonado pela esposa e diagnosticado com uma grave doença, parte em uma viagem pela costa em direção ao interior do Japão, acompanhado somente de seu cachorro ❤️ A viagem é cheia de lições, aprendizados e MUITA emoção, e trata sobre temas como amizade, companheirismo e também sobre solidão.  

Esse mangá é cheio de prêmios e ganhou até um filme no Japão (que deve fazer chorar ainda mais t~t). 

Fora a fofura da história, que é trabalhada com pouquíssimo texto e muito mais com a imagem, a arte foge bastante do “padrão mangá” e é extremamente expressiva e emocionante, criando uma narrativa delicinha de acompanhar. 

É isso! Quem ler e chorar (como eu rs), comenta o que achou 🤓 

Esperamos que vocês tenham gostado das dicas! Até mais.