A história da revista se transformou em sinônimo de História em Quadrinhos no Brasil

Em 12 de abril de 1939, a editora O Globo lançou uma revista em quadrinhos chamada Gibi. Na capa, como um símbolo, todos os números traziam uma representação estereotipada de um menino negro, o tal “gibi”, mascote que emprestava nome à publicação.

Os traços eram carregados de um viés pejorativo e discriminatório. A ilustração de um menino negro como se desenhava em tempos de racismo livre estava em todas as capas.

Gibi, o mascote que dava nome à publicação, em representação estereotipada e racista de um menino negro.

Porém, o Gibi se tornou um sucesso nacional tão grande que, em pouco tempo, seu nome deixou de ser uma palavra ofensiva e preconceituosa. Tornou-se sinônimo de revista de histórias em quadrinhos.

As revistas Gibi e Guri foram comercializadas na mesma época começando suas publicações em 1939 e 1940, respectivamente. Mas a Gibi fez tanto, tanto sucesso que TODAS as revistas em quadrinhos no Brasil passaram a ser chamadas assim.

A variedade de estilos, personagens e autores que fizeram parte da publicação atingia um público também muito variado. A Gibi foi a entrada dos super-heróis americanos no Brasil, misturados com infantis e histórias de humor. E assim, muitos novos leitores iniciaram a leitura da revista, porque antes eram publicados no Brasil apenas revistas infantis.

Anúncio da revista Gibi

Mas afinal, o que quer dizer a palavra ‘gibi’?

O termo gibi surge como um apelido para meninos negros, giby, e meninas negras, gibi, baseado na palavra latina ‘gibbus’, que significa uma pessoa corcunda ou com corpo disforme, existem registros desse uso em
jornal de 1888.

Com o fim da escravidão e das teorias eugenistas, gibi torna-se gíria para meninos negros, com significado racista.

Verbetes do dicionário Lello Universal, publicado nos anos 1940

Na época, crianças e adolescentes negros, pela vulnerabilidade social, eram os que mais buscavam sub-empregos nas grandes cidades e claro, entre esses trabalhos, estava a venda de jornais pelas ruas. Os pequenos vendedores de jornais, formados por crianças em situação de extrema pobreza. Alguns eram imigrantes italianos conhecidos como “gazeteiros”, outros eram os meninos negros, os “gibis”.

 

É isso pessoal! Até mais.